sexta-feira, 10 de julho de 2009

POR UMA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA COMO INTERSUBJETIVIDADE

RESENHA

MEDEIROS, Cleide Farias de – Texto adaptado do 5º capítulo da dissertação de mestrado Educação matemática: discurso ideológico que a sustenta, apresentada à PUC/SP, em 1985.

Por: Ronicilda Stheomar de Carvalho


Cleide Farias de Medeiros possui graduação em Ciências, habilitação em Matemática pela Universidade Católica de Pernambuco, mestrado em Psicologia da Educação pela PUC de São Paulo e doutorado em Ciências Matemática pela Leeds Metropolitan Universaity. Atualmente é professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Tem experiência na área de Matemática e Resolução de Problemas.
Sua preocupação em torno da Educação Matemática é decorrente da observação aluno/professor de Matemática no cotidiano da vida escolar. Sua insatisfação ao baixo desempenho conseguido pelos alunos nas avaliações tradicionalmente utilizadas demonstra uma angústia aos estudos de Matemática, fato este que motivou a autora a dissertar sobre o tema.
Inicia o texto fazendo uma advertência quanto ao lugar de primazia ocupado pela ação prática, deixando “um pensar no que é essencial”, em segundo plano, sem a devida atenção merecida.
Refletindo sobre o passado vivido na Matemática, situa o seu ensino, vendo a necessidade da construção de uma Educação Matemática necessária, crítica e libertadora, fundada na intersubjetividade, num contexto que abranja tanto o ato cognitivo quanto a relevância social do ensino da Matemática como ato político. E explica que a Educação Matemática, enquanto ato político, deve contribuir para a construção de uma sociedade em que os valores humanos de justiça econômica, de democracia com o exercício das consciências e de autonomia na produção do conhecimento superem os antigos e respectivos valores de paternalismo econômico, de controle hegemônico movido pela propaganda ideológica e do consumismo do saber pronto.
Estabelece comparações entre as abordagens tradicional e construtivista do ensino da Matemática situando aluno/professor, ensino/aprendizagem, conteúdo/metodologia dentro de um saber científico, de uma realidade social.
Ao relatar a abordagem tradicional expõe que a Matemática foi ensinada sem levar em consideração quem pretendia aprender: o aluno. No ensino-aprendizagem os alunos eram tidos como iguais e as avaliações não levavam em considerações as diferenças existentes entre um aluno e outro. O conteúdo era transmitido sem nenhuma referência à história de sua construção. Professores e alunos agiam sem uma clara percepção do significado de suas ações. Havia uma maneira rotineira de seu ensino reduzido à exposição de conteúdos e à resolução de problemas-modelo. O aluno era considerado uma tábula-rasa, desprovido de conhecimentos e dependente do professor. O professor tido como um mero transmissor de conhecimentos.
Medeiros, então, propõe uma mudança no ensino da Matemática, partindo do esgotamento da ideologia existente a respeito do aprender e do ensinar, transformando o ato educativo em ato de comunicação. Para que a compreensão do conhecimento matemático se realize é necessário pensar a Educação Matemática como comunicação entre quem ensina e quem aprende, é preciso que haja a intersubjetividade.
Define a intersubjetividade como um projeto em que o aluno é sujeito participante na produção do conhecimento e o professor um intermediário entre o aluno e a compreensão da Matemática. Afirma que o meio pra se chegar à compreensão é o diálogo, ou seja, a situação em que o aluno e o professor expõem suas visões, explicitam seus mundos, desvendam mitos, transformando conhecimento em saber científico.
Deste modo, o erro passa a ser visto não como um não-saber, mas como um diagnóstico, um ponto de partida para re-construção do conhecimento, um buscar de caminhos ainda não trilhados para um aprendizado mútuo.
E conclui que sem partir da realidade, das formas como os alunos lêem a Matemática que lhes está sendo ensinada, ou como lêem o mundo, não há como questionar, como colocar em prática o seu ensino. Somente através da fala e da ação no fazer Matemática é que o aluno evidencia o seu mundo. E esse mundo só pode ser compreendido em situação de intersubjetividade.
O texto é conciso, apresentado de forma lógica, coerente e sistematizada, com idéias originais, verdadeiras e criativas, apresentando conhecimentos novos, amplos e abordagens diferentes, contribuindo no aprofundamento do assunto de seu interesse.
A linguagem utilizada pela autora é de fácil compreensão, dirigida, principalmente, aos professores da disciplina de Matemática.
Recomendo a leitura do texto para todos os graduandos em Pedagogia e outras áreas da educação, por se tratar de uma nova abordagem no ensino-aprendizagem da Matemática.

CONCLUSÃO

A Matemática, como toda disciplina, deve ser trabalhada num ambiente de prazer, que desperte no aluno o interesse pela aprendizagem. A escola tem papel fundamental na formação destes alunos e a Matemática, como disciplina, contribui nessa formação, seja através da sua linguagem ou através da interdisciplinaridade com as demais disciplinas.
Para deixar de ser vista como uma disciplina isolada, de linguagem própria, difícil e rígida, deverá atender a realidade do aluno e a dissertação da autora contribui de forma significativa para o rompimento com o tradicional e a adoção de nova forma de se fazer Matemática.

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