sexta-feira, 10 de julho de 2009

ARTES VISUAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Para compreender a arte no espaço da educação infantil no momento atual, mesmo que brevemente, é preciso situar o panorama histórico das décadas de 80 e 90. os referenciais que fundamentavam as práxis do profissional da Educação Infantil eram os Cadernos de Atendimentos ao Pré-escolar (1982), criados pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC. Os textos destes Cadernos para aquele momento histórico tiveram contribuição fundamental como subsídio para as ações dos educandos atuantes na Educação Infantil. Entretanto, o conhecimento era pouco priorizado, centrando-se apenas nas questões emocionais, afetivas e psicológicas e nas etapas evolutivas da criança. Com relação é a arte na educação, os pressupostos eram muito mais voltados à recreação do que às articulações com a arte, a cultura e a estética. Como por exemplo, é possível citar a ênfase nos exercícios bidimensionais que priorizava desenhos e pinturas chapadas. Ou seja, os conceitos sobre arte resumiam-se a simples técnicas. Esse caderno, embora tenha uma fundamentação teórica voltada às concepções do ensino da arte modernista, na essência é muito mais tecnicista no que diz respeito aos exercícios repetitivos, mecânicos e sem a preocupação com a reflexão dos conceitos.
Na década de 90, o MEC lança o Caderno do Professor da Pré-escola, com uma abordagem contextualista, na qual a arte deixa de ser tratada apenas como atividade prática e de lazer, incorporando o ato reflexivo. Apesar dessas transformações, a arte permanecia ainda com foco em abordagens psicológicas e temáticas. A arte na Educação Infantil nesta década ainda buscava uma consistência teórica, conceitual e metodológica.
A partir de 2000 as discussões reflexivas sobre a arte na Educação Infantil ganham novos espaços na literatura, nas propostas curriculares e especialmente na pesquisa. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/96 veio garantir esse espaço à Educação Infantil, bem como o da arte neste contexto.

A CRIANÇA E AS ARTES VISUAIS

Ao final do seu primeiro ano de vida a criança já é capaz de produzir seus primeiros traçados gráficos. É a conhecida fase dos rabiscos, das garatujas.
Mais tarde quando controla o gesto, passa a coordena-lo com o olhar, começa a registrar formas gráficas e plásticas mais elaboradas. Passa dos rabiscos iniciais da garatuja para construções dos primeiros símbolos. Desenvolve o desenho com imagens de sol, figuras humanas, animais, vegetação e carros.
Essa passagem é possível através das interações da criança com o ato de desenhar e com desenhos de outras pessoas.
Enquanto desenham ou criam objetos, também brincam de “faz-de-conta” e verbalizam narrativas que exprimem suas capacidades imaginativas, ampliando sua forma de sentir e pensar sobre o mundo no qual estão inseridos.
As atividades com artes plásticas possibilitam a criança a transformar, a reutilizar e construir novos elementos, formas, texturas, etc.

OS CONTEÚDOS

Estão organizados em dois blocos:
1. Fazer Artístico
2. Apreciação em Artes Visuais

ORGANIZAÇÃO DO TEMPO

Deve respeitar as possibilidades das crianças relativas ao ritmo e interesse pelo trabalho, ao tempo de concentração, bem como ao prazer na realização das atividades.

ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO

É determinante para o fazer artístico. Deve acomodar confortavelmente as crianças, permitindo-lhe o máximo de autonomia para acesso e uso dos materiais, devendo favorecer o andar o correr e o brincar da criança. Deve, também, ser equipado de tal forma que se torna interessante para as crianças, ativando o desejo de produzir e o prazer de estar ali.

OS RECURSOS MATERIAIS

São a base da produção artística. Deve-se garantir às crianças acesso a uma diversidade de instrumentos, meios e transportes.

OBSERVAÇÃO, REGISTRO E AVALIAÇÃO FORMATIVA

Busca entender o processo de cada criança, a significação que cada trabalho comporta, afastando julgamento como feio ou bonito, certo ou errado.


CONCLUSÃO

Para concluir este trabalho, realizamos uma visita numa Escola de Educação Infantil procurando saber como é feito o trabalho com artes dentro do contexto Escolar.
Notamos que para as crianças com idade de zero a três anos de idade o trabalho é pouco realizado. Há a predominância nos cuidados higiênicos e de alimentação e pouca interferência pedagógica. A criança tem contato com brinquedos e brincadeiras, mas não manipulam materiais para o fazer artístico.
O trabalho com artes acontece na faixa etária de quatro a seis anos de idade, quando a criança recebe incentivo para o fazer artístico. O professor não se sente preparado para colocar em pratica os conteúdos de artes em conformidade com a proposta do Referencial. Normalmente o aluno recebe o desenho pronto e o fazer artístico resume-se no colorir, no pintar, no colar, etc. o aluno só constrói o seu próprio desenho quando vai retratar uma história contada. Não há leitura de obras de artes. Teatro e dança são criações dos professores. Os alunos não participam do planejamento.
Ao constatar a realidade escolar concluímos que há uma dicotomia entre teoria e pratica e que o professor necessita de cursos de formação para atingir os objetivos propostos para o ensino-aprendizagem em artes. Por se tratar de uma disciplina recentemente integrada ao currículo escolar torna-se um desafio, principalmente para os profissionais da Educação Infantil, que também está passando por uma reorganização pedagógica, integrando-se à Educação Básica.
Frente aos desafios encontrados cabe aos cursos de formação o ensino de metodologias para o trabalho com artes, compreendendo métodos que incluam desde a criança com zero ano de idade até o adolescente que está concluindo o Ensino Fundamental.
Sendo as artes uma forma de linguagem, de comunicação social, cabe à escola promover o seu desenvolvimento, tornando o aluno um sujeito autônomo, crítico, capaz de participar da sociedade como um ser atuante.

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