terça-feira, 14 de julho de 2009

Curso de Pedagogia no Brasil: História e Identidade

RESENHA CRÍTICA

SILVA CARMEM SÍLVIA BISSOLI DA. Curso de Pedagogia no Brasil: História e Identidade. 2 ed. Revista e Ampliada. Campinas: Autores Associados, 2002. 112 p.

Por: Ronicilda Stheomar de Carvalho

Carmem Sílvia Bissoli da Silva, professora e pedagoga, preside a Comissão de Estágio das Habilitações no Curso de Pedagogia. Seus estudos têm versado sobre as questões estruturais da educação brasileira, sobretudo no que se refere ao Curso de Pedagogia, sendo que, atualmente desenvolve tese a respeito dos cursos superiores de educação no Brasil.
A autora, preocupada com a situação do Curso de pedagogia no Brasil, escreveu este livro procurando demonstrar que a história do curso é a história da questão de sua identidade.
Carmem narra a trajetória do Curso de Pedagogia com o objetivo de esclarecer alguns problemas relativos à sua identidade, elegendo a estrutura curricular como foco de análise, considerando as regulamentações do curso , as indicações e as propostas que foram apontadas para a sua reformulação.
Examina a questão da identidade do Curso através de períodos, estabelecendo as análises das regulamentações, focalizando as propostas produzidas, com vista a oferecer elementos que contenham a origem da superação do problema para a formulação de conclusões sobre o assunto.
O texto é conciso, apresentado de forma lógica, coerente e sistematizada.
A linguagem utilizada pela autora é de difícil compreensão, exigindo do leitor conhecimentos sobre o assunto para melhor entendê-lo. É uma obra dirigida aos pesquisadores, estudantes do curso e pedagogos em geral.
Valeu a pena ter lido o livro, porque contribuiu para o meu entendimento sobre o Curso de Pedagogia, do qual tinha pouco conhecimento, principalmente sobre a legislação que o ampara.
O texto tem idéias originais, verdadeiras e criativas, com conhecimentos novos, amplos e abordagens diferentes, contribuindo no aprofundamento do assunto de interesse.
Recomendo a leitura do livro a todos os estudantes que pretendem optar pelo Curso de Pedagogia e para aqueles que estão inseridos no curso com o objetivo de está contribuindo para a formação de opiniões que possam engajar na luta pela definição da real ocupação do pedagogo, apresentando propostas claras e justificáveis.
Entendo que a regulamentação do exercício de uma profissão pressupõe definições claras quanto ao perfil deste profissional, em termos de áreas de atuação, habilidades e competências gerais, habilidades e competências específicas, etc. É aí que a autora, em sua obra, explica a real necessidade em relação à Pedagogia. A autora analisa, critica e questiona o tipo de profissional que o Curso de Pedagogia propõe regulamentar, através de um debate que se encontra "travado" nas diferentes instâncias que lidam com o curso de Pedagogia, que já discutiram as diretrizes curriculares para o curso, sem chegarem a um consenso razoável, e, sobretudo, dentro das próprias instâncias formadoras, não suficiente clareza acerca da identidade epistemológica da pedagogia, acerca do perfil do curso e do profissional por ele formado. Em sua obra questiona: afinal, o que é a pedagogia enquanto área de conhecimento e quem é o pedagogo como profissional.
Hoje, porém, já existem diferentes perfis de curso de pedagogia que lidam exclusivamente com determinadas áreas específicas (educação especial, psicopedagogia, etc).
Por isso, a autora na sua luta pela regulamentação da profissão inclui o debate em torno da identidade do curso, de modo a termos clareza acerca de quem somos, o que fazemos, onde podemos fazer e a nossa relação com os demais profissionais da educação. Devemos, portanto, nos mobilizar no sentido de pressionar as instituições formadoras, as diferentes entidades e instituições que discutem a formação do educador, assim como o Conselho Nacional de Educação no sentido de apressarem a definição de diretrizes curriculares para o curso de pedagogia que apontem direções claras em relação à formação e ao exercício profissional do pedagogo. Assim, teremos elementos mais seguros e consistentes para aprofundar a luta pela regulamentação da profissão, sob pena de, ao fugirmos desse debate, comprometermos o próprio futuro da pedagogia, em termos dos espaços de formação e do exercício profissional.

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